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03 maio 2015

E-mail é coisa de velho?



A reflexão de hoje começou ontem, kkkkkk. Li uma postagem de uma professora que muito admiro sobre o uso de e-mails para promover o contato entre alunos com o mundo. Achei a ideia interessante, no entanto, questiono a escolha do e-mail para desenvolver a escrita por alunos adolescentes. 

Logo a seguir, compartilhei o projeto em minha linha de tempo:


A conversa que se seguiu com minha mestre se tornou interessante:



Me pergunto:
Será que as pessoas que idealizaram este projeto e escolheram o e-mail como gênero digital imaginam estar utilizando algo mais próximo da realidade dos alunos? 
Será que é fundamental trabalhar o gênero e-mail com adolescentes?
Será que é importante trabalharmos em sala gêneros textuais que quase não mais existem, por exemplo carta e cartão postal?
Sei que nossos adolescentes não utilizam o e-mail como ferramenta de comunicação, mas será que terão que utilizá-lo quando forem adultos ou será que outra forma de comunicação o substituirá no futuro?

Não tenho essas respostas e quero deixar bem claro que não estou criticando o projeto que suscitou essa postagem, estou sim, tentando refletir sobre os gêneros textuais e a influência em nossa escrita.

Uma vantagem dos gêneros carta e email, apesar de pouco ou nada utilizados pelas novas gerações, é o tamanho de texto escrito. O gênero de escrita utilizado no whatsapp, no snapchat e no chat do facebook convida quem escreve a ser suscinto e as trocas de turno acontecem rápido, como um ping pong.

Recentemente, durante o projeto Hello, there! que desenvolvi com meus alunos, um dos desafios esteve relacionado com esta questão. As conversas escritas assíncronas entre os alunos pareciam não fluir com frases tão curtas. Nós utilizamos a plataforma Edmodo que é bem parecida com o Facebook, e o objetivo foi que meus alunos do Brasil conversassem com alunos da Argentina e assim utilizarem a língua inglesa para aprender um pouco sobre o outro. A vivência de meus alunos com o meio digital para a comunicação é com chat, deste modo, esta foi a forma que começaram a se comunicar e não estava funcionando.



Pensei no gênero carta e em como funcionava quando trocava cartas com uma amiga americana: nossas cartas em resposta uma para a outra eram mais ou menos proporcionais à carta que recebíamos. Vou tentar explicar melhor: se recebia uma carta de uma página, tentava sempre escrever  um texto proporcial ou maior, nunca mais curto. 

Assim, sugeri aos meus alunos que tentassem escrever textos mais longos com perguntas sobre assuntos que gostariam de saber. E não é que funcionou?

Toda essa experiência me fez refletir sobre como a escolha do gênero textual pode influenciar o desenvolvimento de projetos. Será que se tivesse escolhido o e-mail como meio de comunicação os problemas surgidos seriam os mesmos? Acredito que não, outros problemas surgiriam e outras soluções seriam pensadas.

Volto novamente à pergunta do título: E-mail é coisa de velho? 

Talvez sim, mas por que não trabalhar com gêneros atuais e gêneros velhos também?

Poderia ser uma vivência diferente para os alunos, não é? 

Um comentário: